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Coleta seletiva em condomínios ainda enfrenta muitas barreiras

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Rio capta apenas 5% do lixo reciclável por meio da coleta seletiva, segundo a Comlurb

 

RIO – Coleta seletiva é algo que deixou de ser novidade há muitos anos, mas a realidade praticada no Rio ainda está bem longe de ser satisfatória: a captação desses resíduos na cidade gira em torno de 5% de todos os materiais recicláveis, segundo a Comlurb. Além de a estrutura de recolhimento oficial ser insuficiente para atender a toda a cidade, a falta de informação e as condições exitentes em alguns condomínios tornam esse quadro ainda mais difícil de ser melhorado.

 

O síndico profissional Pedro Bottino, da Bottino Assessoria Condominial, administra 13 condomínios e afirma que acertar as contas com o meio ambiente não é fácil. Segundo ele, bairros como Botafogo, Copacabana e Flamengo têm muitos prédios antigos e sem estrutura para comportar lixeiras com larguras suficientes para acomodar esses materiais.

 

— Estou, inclusive, procurando um serralheiro que crie uma lixeira suspensa para a divisão dos dejetos nos andares — diz ele.

 

Apesar dos empecilhos, Bottino implantou triagens em todos os endereços que administra, orientando os funcionários a separarem materiais como papelão, vidro e plástico. Segundo ele, o trabalho só não é em vão porque fechou parcerias com empresas que fazem o recolhimento gratuitamente, já que, como observou, a Comlurb frequentemente mistura o que foi separado.

 

NO MEIO DO CAMINHO…

 

No Centro da cidade, o síndico de um edifício de 45 unidades, Roberto Carlos da Rocha, tentou implantar a coleta seletiva, mas desistiu diante das dificuldades.

 

— O prédio tem 50 anos e foi originalmente construído para abrigar salas comerciais. Só depois que foi convertido em residencial. Então, não temos espaço para administrar a coleta ou armazenar esses resíduos por alguns dias — conta ele.

 

Rocha já até entrou em contato com a prefeitura, por meio da Central 1746 de Atendimento ao Cidadão, em busca de ajuda. Mas foi informado de que era responsabilidade do condomínio encontrar uma solução.

 

— Cheguei a cogitar a instalação um contêiner na calçada, mas também disseram que não seria possível — conta ele.

 

A legislação em torno do tema é ineficiente. Segundo o advogado de direito imobiliário Arnon Velmovitsky, o texto vigente é a Lei Estadual 6.408, que obriga a coleta seletiva para edificações residenciais com mais de três andares.

 

— A norma não estabelece qualquer tipo de sanção ou penalidade por descumprimento. Por isso, é inócua — avalia ele.

 

Na opinião de Vera Chevalier, especialista em coleta seletiva e diretora da ECO Marapendi, há uma falta de informação generalizada que rege o recolhimento seletivo insatisfatório na cidade.

 

— Em primeiro lugar, nos condomínios que tentam implantar, há o fato de moradores e funcionários não serem adequadamente instruídos sobre como agir. Não é algo simples. Se não houver uma campanha educacional e engajamento, o trabalho não vai adiante — pondera ela. — O segundo ponto é a falta de um interesse maior da empresa pública responsável pela coleta. São pouquíssimos caminhões que fazem isso na cidade e as áreas abrangidas são restritas.

 

Justamente em função disso, muitos condomínios têm optado por parcerias com organizações. A Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente é uma delas e atende gratuitamente a várias regiões da cidade. Com dois caminhões, a entidade visita semanalmente oito condomínios residenciais, além de empresas. Mas, segundo o gerente de produção, Cláudio Novaes, o trabalho poderia ser bem mais amplo se os moradores colaborassem mais.

 

— As pessoas ainda não têm a consciência de fazer a separação correta. Então, muita coisa se perde. Quando o prédio nos dá abertura, fazemos palestras e trabalhos de educação junto aos moradores. Também propomos que um cooperado vá regularmente aos endereços para administrar a separação, desde que receba uma pagamento por isso. Mas nem todo mundo quer fazer esse investimento — lamenta ele.

 

Em alguns casos, é possível até monetizar o lixo, como acontece no condomínio Máximo, no Recreio dos Bandeirantes. Lá são 192 apartamentos divididos em oito blocos e há caixas coletoras separadas para vidro, plástico, papel e demais resíduos em todos os andares, além de contêineres de armazenamento nos blocos.

 

— Fazemos o recolhimento por andar duas vezes por dia e armazenamos nos contêineres. No fim de semana, a cooperativa vem e leva tudo. Eles pagam cerca de R$ 250 por mês pelo material, que incorporamos à receita do condomínio — conta o síndico Armando Smiths.

 

Para o coordenador de coleta seletiva da Comlurb, Fabiano Araújo, a maior dificuldade ainda está na adesão por parte da população. Ele afirma que o serviço tem atualmente 26 caminhões circulando por dia, cobrindo 113 dos 160 bairros da cidade. Em 80% deles, afirma Fabiano, o alcance é de 100% das ruas.

 

— Mesmo assim, o serviço recebe 70% da sua capacidade. Esperamos agora chegar a 100% para poder expandir — afirma ele, dizendo que ainda não há um plano detalhado este fim.

 

Araújo destaca que a Comlurb simplificou o processo de separação por parte do morador como maneira de aumentar a captação. É preciso apenas juntar os recicláveis livres de resíduos orgânicos, sem separação por tipo, em sacos transparentes. A triagem é feita posteriormente. Por isso, não é problema que os garis misturem alguns sacos na hora do recolhimento.

 

— O que atrapalha é que muita gente ainda coloca dejetos, como fraldas e cascas de banana, no meio e os garis não conseguem enxergar. Mas, quando isso é notado, a recomendação é que o lixo seja etiquetado e devolvido ao condomínio para que o descarte seja feito da maneira correta — explica ele.

 

A SOLUÇÃO EXISTE

 

Já para aqueles que sofrem com a falta de espaço, Araújo afirma que parcerias para coletas mais frequentes ao longo da semana pode ser a solução. A utilização de materiais como grandes sacos em vez de contêineres é outra alternativa.

 

— Já vi prédio instalar ganchos na parte superior para içar esses sacos, facilitando a administração do lixo — ilustra Araújo.

 

Para a professora Elen Vasques Pacheco, do Instituto de Macromoléculas da UFRJ, a população brasileira ainda é um pouco acomodada quando o assunto é coleta seletiva, mesmo que uma parte se mostre preocupada com o meio ambiente. Para ela, as pessoas precisam se informar mais.

 

— Não é um procedimento complicado. Contudo, é importante acondicionar os resíduos segundo o padrão estabelecido e ter a certeza do encaminhamento do material separado para um centro de triagem, uma cooperativa ou uma unidade de reciclagem — diz ela. — Podemos procurar formas de auxiliar, como buscar informações sobre os bairros que têm coleta seletiva, cooperativas que pegam resíduos e postos de entrega voluntária. A internet é uma boa fonte, com páginas como o site da Comlurb.

 

E não é só do chamado lixo seco que se faz a reciclagem. A Planeta Limpo Ambiental, por exemplo, recolhe óleo gratuitamente. Segundo o dono da empresa, Paulo Sérgio Teixeira, são captados de 80 a 100 mil litros por mês, sendo 25% deste volume vindo de residências.

 

Além de ajudar o meio ambiente, quem colabora recebe dinheiro (R$ 1,20 por litro) ou produtos de limpeza em troca da doação. A cotação varia de uma garrafa de detergente para dois litros de óleo a um kit com dois sabões pastosos, lava-roupas, três desinfetantes, três multiusos e seis lava-louças para 50 litros.

 

O processo para entrega é simples: basta o síndico entrar em contato com a empresa, que manda um representante para explicar o processo. Um funcionário do prédio, então, passa a despejar todo o material entregue pelos condôminos em um galão disponibilizado pela firma. Depois, o produto é recolhido pela Planeta Limpo.

 

Na sede da companhia, o óleo é tratado e, posteriormente, comercializado para as indústrias de sabão e biodiesel.

 

A lei do retorno também funciona no caso de alimentos orgânicos, como restos de frutas, legumes e verduras. Criada pelo estudante de Engenharia Ambiental da UFRJ Lucas Chiab, de 25 anos, a iniciativa Ciclo Orgânico pega o lixo em 450 pontos — entre casas, restaurantes e escolas, na Zona Sul e do Centro. Quem participa paga uma mensalidade — de R$ 40 a R$ 90 para planos residenciais — e recebe um baldinho para guardar os dejetos. Uma vez por semana, um funcionário recolhe o lixo e leva para uma compostagem no Humaitá. Tempos depois, o participante recebe adubo ou uma muda. Para ele, a ideia deve prosperar.

 

— Noto um crescimento no número de pessoas conscientes da importância de dar um destino ao lixo produzido — diz Lucas, que pretende expandir a iniciativa para outros bairros, como Vila Isabel, Tijuca e Barra ainda este ano.

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